Caríssimos, vivemos no limiar de uma revolução na humanidade. No entanto, não haverá derramamento de sangue e nem marias antonietas decapitadas, acalmem-se. Trata-se do advento da era digital, o qual pretende proporcionar uma evolução nas relações humanas. Não é de agora que as questões tecnológicas são amplamente discutidas e analisadas como os novos ovos de colombo ou os recém descobertos caminhos para a Índia. A verdade é que estamos repletos de velhas novidades. Refluxos de invenções envelhecidas pela velocidade efervescente das informações.
A voracidade da tecnologia permite que esqueçamos cedo a nossa essência mais fundamental. Preocupamos-nos com o novo lançamento da Apple, mas negligenciamos os mendigos na rua. Eis onde pretendo chegar. Somos hoje o Homo Digitalis, mas continuamos tendo ulceras e cefaléias aterradores. De que adianta criarmos um perfil no orkut, onde somos tudo o que queremos ser, se a nossa essência humana anda cada dia mais degradada, medíocre?
A vida digital tem por pretensão sanar nossas carências, aproximar pessoas. Mas vejam, meus caros, que os efeitos colaterais são terríveis. Em pouco tempo não existirá mais o olho no olho, o calor da pele a roçar. O sexo virtual e seguro será uma modalidade óbvia e ululante. Eis o grande risco: e o ser humano, e a preservação da espécie, onde residem nesse processo?
Essas novas relações humanas assumem perspectivas cada vez mais ameaçadoras. Há o risco iminente de ocorrer um colapso social, uma crise de identidade coletiva. A última velha novidade é um jogo virtual chamado Second Life, onde você tem, numa tradução literal do inglês, sua segunda vida. Vejam, caríssimos, que a tecnologia nos permite um adendo, um prolongamento do nosso ser. E o mais interessante nessa história é que podemos vestir a máscara que melhor nos convier para participarmos dessa nova vida. O homo digitalis criou também mais um disfarce virtual para suas frustrações.
Chegaremos, assim, a um lugar obscuro e inadiável. Numa interiorização, perceber-se-á que os avatares e profiles contribuíram para cavar ainda mais o abismo entre as pessoas. O homem que já se alienou durante décadas no trabalho ou pela TV, verá seu íntimo invadido por hackers destrutivos e adwares maliciosos. A Internet é o grande refúgio para os idiotas. Aqui reside um problema inequívoco. Uma sociedade que se preze necessita de grandes homens e de idiotas. Não se faz um país só com gênios e nem só com idiotas. Pois no mundo virtual há somente notáveis, dignos de um Prêmio Nobel.
Viajo nessas palavras, mas gostaria de falar sobre João Guimarães Rosa, o maior escritor de nossa língua. Não conseguiria dormir essa noite se não fizesse qualquer menção, mesmo que escassa, sobre esse gênio estilístico. E o que diria o poeta roseano sobre esses tempos modernosos? Talvez, no seu rebuscamento, falaria da alma humana que navega por mares virtuais em busca da redenção de seu espírito. Em outro momento, falarei mais sobre esse mineiro inesquecível. O grande homem injustiçado. Haveria de se sugerir um Nobel póstumo à Guimarães Rosa. Fica o meu casto protesto.
PARA OS OLHOS VICIADOS EM IMAGENS.
PARA OS DEDOS QUE ORQUESTRAM TECLADOS.
O QUE VOCÊ NÃO LÊ NAS MANCHETES ESTARÁ AQUI.
PARA O TERROR DOS IDIOTAS DA OBJETIVIDADE.
30 de janeiro de 2007
19 de janeiro de 2007
O ÚLTIMO IDEAL DE UM POVO
O ano era 1985 e o Brasil esperava por um milagre, um mártir. Não era Roque Santeiro que fazia sucesso no horário nobre. Ah as novelas de antigamente! Possuíam a magia de serem assistidas na casa da minha tia Ana, enquanto os adultos jogavam baralho na cozinha. E eu me arrepiava ao escutar Zé Ramalho cantar guturalmente sempre que surgia o lobisomem na cidade de Asa Branca.
Mas o santo o qual me refiro era Tancredo. O mártir da democracia, a luz de esperança depois daqueles tempos recrudescidos da ditadura mílitar. O povo se reunira na rua, nas passeatas em torno de uma frase, de um slogan “Diretas já”. E eu, com cinco anos, já me aventurava no mundo das letras. Óbvio que elas eram ainda apenas letras que formavam palavras. Algo tangível, quase como um brinquedo. E aquela frase era, para mim, um sonho acústico. Gargalhava quando a escutava no programa do Agildo Ribeiro, o qual era uma paródia com os políticos da época.
Mataram Tancredo. Minha irmã, na sua inocência crédula, chorou naquela manhã quando o Brasil tomara conhecimento do assassínio do ultimo grande homem. Mineiro como eu e como toda minha família. Eu, no mundo dos meus cinco anos, vivia em Formiga, e tinha, comigo que era tudo uma brincadeira. Tancredo era um nome. Talvez o mais representativo da minha infância. Ele fazia parte da coleção de nomes fundamentais que todos temos quando se é criança.
Naquela mesma ocasião, Fafá de Belém cantou o Hino Nacional com toda a sua malícia e doçura na interpretação. Fez chorar 130 milhões de brasileiros. (não faço idéia se essa era realmente a população brasileira daquela época. Esse número é meramente ilustrativo.). Naquela época ainda se chorava por um homem público. Talvez tenha sido a ultima vez na história que o Brasil sentira a dor esganiça de se perder um quase presidente.
Tancredo, que eleito fora, não chegou a assumir o poder. Os militares, num derradeiro golpe covarde, mataram-no e simularam sua morte natural. Anunciaram-na em 22 de abril, para que esta se coincidisse com o dia de Tiradentes. Mas Tancredo já estava morto. Ele morrera não só fisicamente, mas sua alma já havia sido trucidada pela extinção de seus ideais. Sua morte foi anterior a si mesma. Tenho para mim que ele não se alimentava de comida como um ser humano normal. Tancredo se alimentava de ideais. Era grande demais para essas coisas prosaicas.
Ele não se elegeu pelo voto direto, mas anunciava a abertura de pleito eleitoral para a eleição do seu sucessor. Era, sem dúvida, a encarnação de um movimento, um ideal. O ultimo grande ideal do brasileiro foi o “Diretas já”. Hoje somos um povo sem ideal, alienados por uma pseudo-democracia, manipulados pelos meios de comunicação em massa.
O ano era de fato 1985, mas deveria ser um ano eterno. Ah se vivêssemos todos os anos um 1985. Época também do surgimento da Legião Urbana, em que Chico Anísio ainda fazia rir. O último ano em que o brasileiro se sentiu de fato uma nação. Cada povo precisa de uma causa para ser um povo. Hoje somos uma sociedade anônima, monopolizados nos apartamentos, dirigidos pelo controle remoto.
Mas o santo o qual me refiro era Tancredo. O mártir da democracia, a luz de esperança depois daqueles tempos recrudescidos da ditadura mílitar. O povo se reunira na rua, nas passeatas em torno de uma frase, de um slogan “Diretas já”. E eu, com cinco anos, já me aventurava no mundo das letras. Óbvio que elas eram ainda apenas letras que formavam palavras. Algo tangível, quase como um brinquedo. E aquela frase era, para mim, um sonho acústico. Gargalhava quando a escutava no programa do Agildo Ribeiro, o qual era uma paródia com os políticos da época.
Mataram Tancredo. Minha irmã, na sua inocência crédula, chorou naquela manhã quando o Brasil tomara conhecimento do assassínio do ultimo grande homem. Mineiro como eu e como toda minha família. Eu, no mundo dos meus cinco anos, vivia em Formiga, e tinha, comigo que era tudo uma brincadeira. Tancredo era um nome. Talvez o mais representativo da minha infância. Ele fazia parte da coleção de nomes fundamentais que todos temos quando se é criança.
Naquela mesma ocasião, Fafá de Belém cantou o Hino Nacional com toda a sua malícia e doçura na interpretação. Fez chorar 130 milhões de brasileiros. (não faço idéia se essa era realmente a população brasileira daquela época. Esse número é meramente ilustrativo.). Naquela época ainda se chorava por um homem público. Talvez tenha sido a ultima vez na história que o Brasil sentira a dor esganiça de se perder um quase presidente.
Tancredo, que eleito fora, não chegou a assumir o poder. Os militares, num derradeiro golpe covarde, mataram-no e simularam sua morte natural. Anunciaram-na em 22 de abril, para que esta se coincidisse com o dia de Tiradentes. Mas Tancredo já estava morto. Ele morrera não só fisicamente, mas sua alma já havia sido trucidada pela extinção de seus ideais. Sua morte foi anterior a si mesma. Tenho para mim que ele não se alimentava de comida como um ser humano normal. Tancredo se alimentava de ideais. Era grande demais para essas coisas prosaicas.
Ele não se elegeu pelo voto direto, mas anunciava a abertura de pleito eleitoral para a eleição do seu sucessor. Era, sem dúvida, a encarnação de um movimento, um ideal. O ultimo grande ideal do brasileiro foi o “Diretas já”. Hoje somos um povo sem ideal, alienados por uma pseudo-democracia, manipulados pelos meios de comunicação em massa.
O ano era de fato 1985, mas deveria ser um ano eterno. Ah se vivêssemos todos os anos um 1985. Época também do surgimento da Legião Urbana, em que Chico Anísio ainda fazia rir. O último ano em que o brasileiro se sentiu de fato uma nação. Cada povo precisa de uma causa para ser um povo. Hoje somos uma sociedade anônima, monopolizados nos apartamentos, dirigidos pelo controle remoto.
18 de janeiro de 2007
O PIOR TIPO DE MACHISMO
Alguns intelectuais de carteirinha (aqueles com o Marx de bolso) condenam de forma veemente a qualidade da nossa TV aberta. Percebam que a veemência permanece como característica irrefutável desses amigos. Todavia, há um movimento que ataca as telenovelas e agora o deprimente Big Brother Brasil, como sendo este último uma apologia à preguiça e à luxúria. Mas vejam, meus caros, que eu hei de comungar dessa opinião. No entanto, percebo que a direção da crítica está equivocada. O problema dessa questão não é a TV, mas sim o público que a assiste. A TV brasileira é mais uma vitima da nossa cultura.
Reparem que o papel dos ditos intelectuais é o de antinarciso, que cospe na própria imagem. Eles são os idiotas fundamentais que pretendem questionar as verdades consideradas absolutas. Mas não é bem sobre isso que eu pretendo falar. Hoje tenho o intento de tratar de um assunto bem mais agradável aos olhos dos meus leitores, se é que eu os tenho. Quero falar sobre a nossa mulher contemporânea. Digo contemporânea por uma convenção lingüística, pois a mulher está sempre um passo a frente da modernidade. Ao menos aparentemente.
A mulher atual vive um dilema bastante óbvio. A evolução da posição feminina na sociedade é flagrante. Entretanto, há o resquício da submissão paterna, do machismo arraigado. O fato é que a mulher é o pior tipo de machista. Elas possuem o cinismo de trabalharem em busca da sua independência financeira, mas consideram inadmissível sustentar o próprio marido. A querelância por direitos iguais produziu a classe das feministas, as quais são frutos da negação aos paradigmas da ação masculina.
Toda negação é por si só insustentável. Assim as linhas filosóficas que possuem como fundamento a negação, convivem com o dilema da existência do seu fruto de recusa. Os ateus, agnósticos, apolíticos se contradizem ao denegar, pois só se exonera o que está sob os próprios narizes. As feministas são a personificação insofismável desse conceito.
Outro dado interessante é que a mulher entrou no mundo masculino com uma sede inominável de competir e vencer. Esse dado culmina com a extrema necessidade da mulher de sobressair-se perante as demais do mesmo gênero. Eis o pecado mor, o erro crasso. A mulher desde já está condenada ao fracasso, pois o homem é extremamente corporativo. Nessa guerra de sexos, a vitória é de quem se auto ajudar, e não de quem seguir sozinho numa luta árida e infeliz. Não há amizade sincera entre mulheres. No mundo feminino impera o cinismo acima de tudo. Toda mulher tem a tendência à dissimulação, à utilizar subterfúgios nada ortodoxos para conseguir seu almejo.
Todavia há que se reverenciar a coragem de tantas mulheres que subverteram os preconceitos, determinaram o seu lugar numa sociedade hieraticamente machista com a mesma competência de quem tem o segredo da vida nas suas entranhas. E nós, homens, não cogitamos viver sem esse mal indispensável.
Reparem que o papel dos ditos intelectuais é o de antinarciso, que cospe na própria imagem. Eles são os idiotas fundamentais que pretendem questionar as verdades consideradas absolutas. Mas não é bem sobre isso que eu pretendo falar. Hoje tenho o intento de tratar de um assunto bem mais agradável aos olhos dos meus leitores, se é que eu os tenho. Quero falar sobre a nossa mulher contemporânea. Digo contemporânea por uma convenção lingüística, pois a mulher está sempre um passo a frente da modernidade. Ao menos aparentemente.
A mulher atual vive um dilema bastante óbvio. A evolução da posição feminina na sociedade é flagrante. Entretanto, há o resquício da submissão paterna, do machismo arraigado. O fato é que a mulher é o pior tipo de machista. Elas possuem o cinismo de trabalharem em busca da sua independência financeira, mas consideram inadmissível sustentar o próprio marido. A querelância por direitos iguais produziu a classe das feministas, as quais são frutos da negação aos paradigmas da ação masculina.
Toda negação é por si só insustentável. Assim as linhas filosóficas que possuem como fundamento a negação, convivem com o dilema da existência do seu fruto de recusa. Os ateus, agnósticos, apolíticos se contradizem ao denegar, pois só se exonera o que está sob os próprios narizes. As feministas são a personificação insofismável desse conceito.
Outro dado interessante é que a mulher entrou no mundo masculino com uma sede inominável de competir e vencer. Esse dado culmina com a extrema necessidade da mulher de sobressair-se perante as demais do mesmo gênero. Eis o pecado mor, o erro crasso. A mulher desde já está condenada ao fracasso, pois o homem é extremamente corporativo. Nessa guerra de sexos, a vitória é de quem se auto ajudar, e não de quem seguir sozinho numa luta árida e infeliz. Não há amizade sincera entre mulheres. No mundo feminino impera o cinismo acima de tudo. Toda mulher tem a tendência à dissimulação, à utilizar subterfúgios nada ortodoxos para conseguir seu almejo.
Todavia há que se reverenciar a coragem de tantas mulheres que subverteram os preconceitos, determinaram o seu lugar numa sociedade hieraticamente machista com a mesma competência de quem tem o segredo da vida nas suas entranhas. E nós, homens, não cogitamos viver sem esse mal indispensável.
12 de janeiro de 2007
AO CÂNCER ASPIRINAS
Quando se aventura a escrever crônicas, uma gama de assuntos se torna latentes na cabeça. Alguns até berram para serem logo concebidos e verbalizados nessa folha de papel virtual. O grito é tão insistente que até me atrapalha o sono. Esse texto, por exemplo, foi arquitetado durante uma noite insone, perambulando pelo apartamento em busca de comidas proibidas para esse horário.
Desta feita, pretendo discorrer sobre um assunto o qual meus amigos fundamentais já se fartaram de escutar. Alguns até hão de me chamar de obsessivo. Não me importo. Afinal nada se constrói nesse mundo sem obsessão. Uma nação não se constitui sem obsessão. E o que seria de Napoleão, sem suas idéias obsessivas?
Estou me prendendo no secundário em detrimento ao essencial. Eis onde quero me ater nesse momento. Vivemos nós, brasileiros, num país onde reina o eterno provisório, em que tudo é para agora e nada é para sempre. Não por acaso tivemos em nossa breve história de civilização inúmeras moedas, várias constituições e aquela que está em vigor possui centenas de emendas. A palavra mais adequada seria “remendos”. Acostumamos-nos a sempre a remendar as falhas do passado, mas com band aid já velho e gasto.
Atribuo essa cultura a uma característica congênita, herdada dos nossos colonizadores. Os portugueses se encaminhavam ao Brasil apenas para retirar-lhe a seiva preciosa e retornar para o velho mundo. Nunca lhes passou pela alma fazer desta terra uma morada eterna. Quem de lá vinha e por aqui ficava eram, geralmente, aqueles que não tinham escolha. Os exilados, presos políticos e as escórias da sociedade lusitana. Dessa forma, pode-se concluir que o brasileiro é fruto da miscelânea do restolho portuguesa, com os valentes, porém escravos africanos e ainda com uma pitada do que restou dos nativos índios. Em suma, somos o produto do resto.
Não quero aqui, amigos, fazer apologia ao nosso complexo de vira-latas, como diria Nelson Rodrigues. Mas há aqui uma realidade, quase insofismável.
E assim construiu-se uma cultura. Com hábitos tenebrosos de se tentar curar o câncer com aspirina. O atual governo é um exemplo tenaz desse aspecto. Os chamados programas sociais, apenas servem para tentar jogar uma fina camada de asfalto em um buraco profundo e que, fatalmente, voltará a ser um buraco - Faço dessa metáfora uma realidade. As estradas brasileiras também são vitimas do eterno provisório.
Programas sociais devem ser utilizados apenas como complementares de um projeto de reestruturação radical da sociedade, a qual deve se começar pela educação impreterivelmente. A maioria, senão todos, os problemas sociais do Brasil derivam da deficiência do processo educacional. Tal sistema foi concebido durante o período militar e ainda guarda resquícios dessa época triste da nossa história. Vejo que é fundamental que a criança, desde petiz, aprenda arte, fique na escola o dia todo. E as professoras deveriam ser tão bem remuneradas quanto médicos, já que são profissionais tanto quanto fundamentais.
Certa feita, propus, numa conversa entre amigos, que a solução real para o país seria uma mutação genética. Era preciso mudar o brasileiro desde o seu DNA. Alguns rilharam os dentes: “nazista”. Já me defendo. Não prentendia uma seleção étnica. Mas confesso que desisti da idéia. Até por que era fantasiosa demais. Gostaria sim que se cuidasse da próxima geração, pois esta atual está perdida, não há salvação. Mas as crianças, ah as crianças. Estas precisam de uma atenção sobremaneira.
Desta feita, pretendo discorrer sobre um assunto o qual meus amigos fundamentais já se fartaram de escutar. Alguns até hão de me chamar de obsessivo. Não me importo. Afinal nada se constrói nesse mundo sem obsessão. Uma nação não se constitui sem obsessão. E o que seria de Napoleão, sem suas idéias obsessivas?
Estou me prendendo no secundário em detrimento ao essencial. Eis onde quero me ater nesse momento. Vivemos nós, brasileiros, num país onde reina o eterno provisório, em que tudo é para agora e nada é para sempre. Não por acaso tivemos em nossa breve história de civilização inúmeras moedas, várias constituições e aquela que está em vigor possui centenas de emendas. A palavra mais adequada seria “remendos”. Acostumamos-nos a sempre a remendar as falhas do passado, mas com band aid já velho e gasto.
Atribuo essa cultura a uma característica congênita, herdada dos nossos colonizadores. Os portugueses se encaminhavam ao Brasil apenas para retirar-lhe a seiva preciosa e retornar para o velho mundo. Nunca lhes passou pela alma fazer desta terra uma morada eterna. Quem de lá vinha e por aqui ficava eram, geralmente, aqueles que não tinham escolha. Os exilados, presos políticos e as escórias da sociedade lusitana. Dessa forma, pode-se concluir que o brasileiro é fruto da miscelânea do restolho portuguesa, com os valentes, porém escravos africanos e ainda com uma pitada do que restou dos nativos índios. Em suma, somos o produto do resto.
Não quero aqui, amigos, fazer apologia ao nosso complexo de vira-latas, como diria Nelson Rodrigues. Mas há aqui uma realidade, quase insofismável.
E assim construiu-se uma cultura. Com hábitos tenebrosos de se tentar curar o câncer com aspirina. O atual governo é um exemplo tenaz desse aspecto. Os chamados programas sociais, apenas servem para tentar jogar uma fina camada de asfalto em um buraco profundo e que, fatalmente, voltará a ser um buraco - Faço dessa metáfora uma realidade. As estradas brasileiras também são vitimas do eterno provisório.
Programas sociais devem ser utilizados apenas como complementares de um projeto de reestruturação radical da sociedade, a qual deve se começar pela educação impreterivelmente. A maioria, senão todos, os problemas sociais do Brasil derivam da deficiência do processo educacional. Tal sistema foi concebido durante o período militar e ainda guarda resquícios dessa época triste da nossa história. Vejo que é fundamental que a criança, desde petiz, aprenda arte, fique na escola o dia todo. E as professoras deveriam ser tão bem remuneradas quanto médicos, já que são profissionais tanto quanto fundamentais.
Certa feita, propus, numa conversa entre amigos, que a solução real para o país seria uma mutação genética. Era preciso mudar o brasileiro desde o seu DNA. Alguns rilharam os dentes: “nazista”. Já me defendo. Não prentendia uma seleção étnica. Mas confesso que desisti da idéia. Até por que era fantasiosa demais. Gostaria sim que se cuidasse da próxima geração, pois esta atual está perdida, não há salvação. Mas as crianças, ah as crianças. Estas precisam de uma atenção sobremaneira.
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