Meus caros leitores, não há duvidas quanto a face multifacetada, variada do brasileiro. Somos um povo eminentemente múltiplo. Todavia, há uma característica capaz de promover a unidade nacional, a coerência parva: Somos o povo que mais exercita a arte de reclamar. Reclamamos dos sapatos aos cabelos. Somos insatisfeitos natos e hereditários. Essa rusga nacional justifica-se na maioria das vezes. Afinal, a deficiência nos serviços públicos, a falta de segurança, o atendimento precário ao consumidor, tudo nos torna uns chatos legítimos e irrefutáveis – vejam, amigos, que eu me incluo nesse panorama. Reclamo como um bom brasileiro.
Ora vejam, não é sobre isso que eu pretendo falar. Queria hoje discorrer sobre fenômenos que acontecem não apenas no nosso país, mas em praticamente todos os povos do mundo. A constante e inconsciente utilização do senso comum. Percebam que ele é quase inevitável. Somos reféns confessos do senso comum. E nele residem os preconceitos e as afirmações sonoramente equivocadas. Trata-se de um inimigo interno quase intransponível.
Creio já ter dito tudo no parágrafo acima. Sim, pois não pretendo aqui ser didático e tampouco auto-explicativo. O que posso fazer agora é ilustrar essa crônica com um exemplo. Uma vaia é uma demonstração de senso comum. Não há acústica mais plástica que uma vaia. Quando Lula foi vaiado na abertura dos jogos Pan-Americanos, o senso comum se encarnou através de uma demonstração em massa. E Lula foi um panaca de babar na gravata. Lembrem-se, a massa é burra, não tem cara, nem personalidade. No entanto, naquele momento, a massa mostrou o quanto é reativa.
Aquela foi a demonstração da insatisfação de um povo contra a pusilanimidade que se abateu sobre o nosso país. Somos hoje um povo sem líder, uma nação deixada ao léu das marés. Dizem que a economia vive um grande momento, nossa moeda está se valorizando em relação ao Dolar – vos pergunto: será mesmo um feito desse governo? Com toda sinceridade, não. Se hoje a nossa economia cresce, foi graças ao impulso dado por governos anteriores. O nosso pobre Lula seria incapaz de promover um crescimento sustentável, tal como ocorre desde a implantação do Plano Real.
Sei que muitos dos meus caros leitores não suportam ler sobre política e economia. Paciência. Eu como um líquido e sólido brasileiro também tenho o direito garantido pelo senso comum de ser um insatisfeito nato e hereditário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário